Minha casa do amor
Está cheia de homens
Nus e angelicais
Com as pontas dos dedos firmes e inchadas
Estes homens não poupam
Barbas e calos
Barro e suor
Aqui eu encontro um início
Um dos inícios
Onde nunca houve Eva, Pandora ou Adão
Minha casa do amor
Não se recolhe
Ela se expande
Através do chão,
do eco das pedras,
da energia desses vegetais e tubérculos
que alimentam a revoada e o trote,
da morte vívida e inebriante
de um cadáver em decomposição
Com as brincadeiras e artes
Que ferem e matam bichos
Essa casa abre solenidades
E rituais, lembrar a vida criando-a:
a vida custa um matar
a vida custa um matar
Com os olhos ardentes
ao mesmo tempo úmidos
cada um desses anjos rústicos
me chama
nem de filha ou mãe,
nem de mulher
mas pelo nome que eu escolhi para mim
podendo os amar
como quisermos acontecer e querer.
Há um dizer
Na casa do amor
Com o qual me receberam
“A ponta de seu dedo indicador
É um início seu, embora esteja em
Sua fronteira e borda. Porque você é como o tempo
estreito e linear em sua superfície, espaço e tempestade em sua
profundidade. Então aponte!”
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