Mercado

março a outubro_ Sorri de esgueira, desliza os dedos sobre os vegetais da feira. Me encontra entre as suas pernas abusadas. Morde os lábios desavisados. Me falta fôlego pra amar tanto assim. Meu prazer, minha mania. Sigo seus passos como quem segue seu destino. 
Mas faço um desvio. Lembro o nome do sabor que queima em meu paladar, entro na loja de temperos, corto caminho e por acaso - é o acaso que me põe de novo ao seu lado? - estes olhos que derretem como duas tâmaras meladas sob a luz, faz mistério entre o amor e a obsessão. Frutas estouram, explodem a polpa, escorrem na parede de azulejos brancos, sujam o chão, melam solas de sapato, cheiros doces incitam a freguesia. 

novembro_ Uma dança voraz, uma luta, bochechas se empurram. De esgueira fito seu rosto, perfil contornado pela luz que vem de fora, e em sua expressão um mistério. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog